Nação Livre

mundolivrenacaozumbi

As bandas espelhadas no palco, uma reinventando o repertório da outra e vestindo novos arranjos para hinos de uma geração acostumada a berrar versos como “uma cerveja antes do almoço é muito bom pra ficar pensando melhor” ou “qualquer droga era boa”. Que golaço foi esse projeto “Mundo Livre S.A. vs Nação Zumbi”, disco lançado pela Deckdisc em que uma gravou sete faixas da outra e teve show de lançamento em São Paulo, ontem (17/09), com repeteco hoje (18/09). As duas bandas pernambucanas, que surgiram ao mesmo tempo ali no meiuca dos anos 90 com seus respectivos discos de estreia, não só são irmãs como se completam, como uma nova encarnação de Cartola e Nelson Cavaquinho ou The Clash e Sex Pistols ou De La Soul e A Tribe Called Quest — mas com a vantagem de serem tanto samba quanto punk como rap (e reggae, afro, maracatu, funk…). Quem girava em torno dos 20 anos à época e guardava os LPs do Jorge Ben junto com os do Led Zeppelin, via naquelas bandas uma dinâmica parecida com a da vitrola do quarto. O tempo passou, lá se vão quase 20 anos e talvez — veja bem, TALVEZ — Nação Zumbi e Mundo Livre S.A. já não sejam a tradução perfeita de 2013 como eram de 1994. No apropriado palco do Teatro do Sesc Pompeia, na noite de 17 de setembro, aquela velha alquimia não só fez todo o sentido como ganhou fôlego e se renovou: uma banda de frente pra outra, um cabo de guerra musical e festivo, NZ tocando duas do ML, ML tocando duas da NZ, assim foi até esgotar o repertório de 14 faixas do disco, o público também rachado ao meio, tal qual manda o projeto arquitetônico de Lina Bo Bardi, todos no recinto cantando todas as músicas, todo mundo junto e misturado, uma coisa só. Em duas palavras: FOI FODA! (e os vídeos abaixo não deixam dúvidas)

(Por Ramiro Zwetsch)

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *