PhD em afrobeat

Dele Sosimi tinha apenas 16 anos quando se tornou integrante da banda Egypt 80, de Fela Kuti, em 1981. A experiência marcou profundamente a trajetória do músico e até hoje ele se dedica em manter a chama do afrobeat acesa. “Eu sempre digo que fui para a Universidade Fela Anikulapo Kuti, tirei meu primeiro diploma, meu mestrado e hoje sou PhD”, disse Sosimi na entrevista seguir, concedida ao nosso espião em Paris, Gabriel Rocha Gaspar. Leia!

Aos 19 anos, Dele Sosimi ficou órfão pela segunda vez. Envolvido na investigação de um esquema de fraude fiscal que comprometia cabeças do governo nigeriano, seu pai havia sido assassinado anos antes. Assustado com a possibilidade de a perseguição política se estender ao resto da família, Dele foi conversar com a principal voz da oposição, o cantor, compositor e líder político Fela Anikulapo Kuti.

“Me conta essa história da morte do seu pai”, exigiu Fela do garoto com então recém-completos 16 anos. Depois de ouvir um relato detalhado da tragédia e de como sua mãe havia ficado desamparada depois do crime, Fela se indignou: “Isso não é certo, cara!” E prometeu lutar pelos direitos daquela família nigeriana. Hoje, quase trinta anos mais tarde, Dele lembra do esforço de Sísifo que o maior saxofonista da história da Nigéria havia resolvido empreender: “Ele não conseguiu, claro. Não conseguiu nem ganhar o processo pelo incêndio de sua casa…”

Em 1977, a República Kalakuta, território independente onde o artista vivia com uma trupe de mais de cem pessoas – entre elas suas 27 esposas – foi queimada pelo governo do general Olusegun Obasanjo. O ataque foi uma resposta ao single “Zombie” em que Fela usava a metáfora do morto-vivo para falar sobre os soldados nigerianos, que apontavam as armas contra seu próprio povo. Como conta Carlos Moore na biografia autorizada “Fela – Esta vida puta”, a polícia entrou na casa agredindo todo mundo, estuprou algumas das mulheres do cantor, atirou sua mãe pela janela. Poucos meses depois, ela morreria em consequência dos ferimentos.

Obasanjo achou que aquele era o cala a boca definitivo. Errado. O primeiro ato político de Fela depois do atentado foi enviar o caixão de sua mãe para o quartel de Dodan, em Lagos, sede do governo. Como tudo na vida de Fela, este protesto inusitado virou música: “Coffin for the Head of State (Caixão para o chefe de Estado)”, single logo seguido por “Unknown Soldier”. Este “soldado desconhecido” foi quem, ironicamente, assumiu a responsabilidade no inquérito oficial sobre o incêndio da República Kalakuta. E a radicalização de Fela foi além: ele formou o partido político Movement of The People (Movimento do Povo) e tentou candidatar-se à presidência da Nigéria.

Foi “provocação” demais para o Governo. Em 1984, ele foi preso de novo, sob uma acusação esquisita de evasão de divisas. Tão esquisita que até a Anistia Internacional o classificou como “prisioneiro político”. Foi aí que Dele Sosimi ficou órfão de novo. Fazia só três anos que ele havia se tornado o músico mais novo a se juntar à lendária banda Egypt 80 e seu líder, compositor e – por que não? – pai, Fela Kuti, estava fora de combate. Ao lado do filho mais velho do homem, Femi, Dele Sosimi resolveu encarar a situação de frente e lutar pela continuidade da Kalakuta. Femi assumiu os vocais, o sax principal e a direção artística, Dele ficou com o lado administrativo da boate Shrine, onde a banda fazia inacreditáveis quatro shows de seis horas por semana.

Ali, começou a se desenhar o trabalho que Dele Sosimi desempenharia para o resto da vida: manter acesa a chama do afrobeat. Sem modéstia, ele se diz o “Embaixador número um do Afrobeat na Inglaterra”, onde vive desde 1995. Faz sentido: todos os anos ele viaja o mundo, dá master classes de afrobeat e volta para sua orquestra multiétnica baseada em Londres, a Dele Sosimi Afrobeat Orchestra.

Na Terra da Rainha, o tecladista e cantor lançou dois álbuns solo (“Turbulent Times”, de 2002, e “Identity”, 2007), participou de uma série de coletâneas de afrobeat, produziu bons discos como “Calabash Volume 1: Afrobeat Poems” e fez uma série de colaborações, com gente tão diversa quanto mestre Tony Allen e o rapper britânico TY. Ele acaba de lançar o single “TMI”, que prenuncia um bom disco homônimo, previsto para setembro deste ano, e quer vê-lo remixado por um brasileiro. Aliás, o Brasil deve basear a próxima representação diplomática do embaixador. Ele ainda não sabe como nem quando, mas garante: “É meu próximo passo”. Leia a seguir os principais trechos da entrevista.

Gabriel Rocha Gaspar – Vamos começar do começo. Você era amigo de infância do Femi (filho de Fela Kuti), não?
Dele Sosimi
– Isso, crescemos junto. A gente se conhece desde os 14 anos, mais ou menos. Nós começamos uma banda, quando eu tinha 16. Foi ali que virei músico em tempo integral e nunca mais parei.

E qual foi seu primeiro contato com o Fela? Você foi convidado para integrar a Egypt 80?
 Na verdade, eu que fui pedir! Quando eu ainda tinha 15 anos, eu fui falar com o Fela. Eu disse: “Olha, eu gostaria de tocar essa música com você”. A música era “Power Show”, composição original dele. Acho que era o lado B de “Original Suffer Head”. Ele perguntou: “Você tem certeza?!” e eu: “É, eu quero tocar”. Então, ele mandou: “Ok, vai tocar!” Foi assim que tudo começou. Isso foi em uma jam session. Quando eu perguntei se podia tocar e ele topou, eu comecei a ensaiar todas as músicas. Aí, quando eu pedi pra entrar na banda mesmo, aos 15 anos, foi diferente. Ele respondeu: “Nem a pau! Você ainda está na escola. Enquanto não terminar a escola, não pode tocar comigo.” (risos) No minuto em que eu terminei minha última prova, corri pra Shrine e falei pra ele: “Terminei”. “Muito bom, agora você ensaia com a gente por uma semana”, ele disse. “Vamos ver suas habilidades, sua disciplina etc., etc., etc. Depois disso, você pode entrar”. Em uma semana, eu era tecladista da Egypt 80, aos 16 anos. O mais jovem membro do grupo! Fantástico! Eu adorei aquilo (risos)!

Então, essa foi sua primeira experiência profissional na música?
Não, não! Eu já tinha a banda da escola. Eu convenci o Femi a entrar na minha bandinha e a gente tocava covers de Fela Kuti. Faixas como “Yellow Fever”, “Equalization of Trousers and Pants”, “Opposite People”, “Water No Get Enemy”. A gente adorava tocar as músicas do Fela, desde a escola. Quando eu quis tocar com ele, foi fácil pra mim. Eu já tocava tudo aquilo na escola, pra divertir meus colegas. Essa foi minha primeira experiência. Foi o que me fez decidir virar músico em tempo integral, pro resto da vida.

Imagino a sensação que deve ter sido passar do cover pro original, assim tão rápido. Mas, na época em que você entrou no grupo, as coisas estavam complicadas pro lado do Fela. Ele vinha sofrendo muita perseguição política, era preso toda hora…
É, era complicado mesmo. Ele tinha acabado de reconstruir a Shrine e estava tentando restabelecer o público dele. Porque, depois que incendiaram a casa, com toda a propaganda contra ele, muita gente ficou com medo de aparecer por lá. Ele não conseguia ganhar muita grana. Mas, o povo é corajoso, cara, e voltou a frequentar… Aí, o Fela começou a fazer cinco shows por semana. Isso, durante 15 semanas: sexta, sábado, domingo, segunda e terça. Isso garantiu a sobrevivência de todo mundo. O dinheiro que ele conseguiu com entrada e bebida foi suficiente pra sustentar a gente por um ano. Então, no final, foi ótimo.

Cada show tinha cinco, seis horas, né?
É. Nas terças, sextas e sábados, a casa abria às 21h30. A gente entrava às 23h e nunca parava antes das cinco da manhã. Fantástico! Isso, três vezes por semana. Aí, no domingo, era mais família. As pessoas vinham com os filhos e o ambiente era pra divertir a criançada mesmo. Era uma performance familiar. Por isso, a gente tocava “só” das duas da tarde às oito da noite.

Nestes dias, devia ser mais tranquilo. Mas nos outros, você já sentiu que corria perigo na Shrine?
Eu sabia que estava em perigo! Mas, e daí? (risos) Como diriam os franceses: oui, mais je m’en fous (sim, mas eu não tô nem aí). Todo mundo que estava em volta do Fela sabia dos riscos envolvidos. Mas, je m’en fous (risos). Claro, porque a gente acreditava na mensagem, acreditava no propósito e acreditava na música. Foi um sacrifício que todo mundo decidiu fazer, entendeu? Eu, inclusive.

E como ficou o clima quando o Fela foi preso?
Em algumas das vezes, até os policiais que vinham prender pediam desculpas. Eles diziam: “Olha, cara, se dependesse da gente, você ficava solto, mas temos que cumprir ordens, sabe como é…” Pra gente, era bom ouvir isso porque significava que a mensagem estava sendo ouvida. Mas, o policial precisa do salário pra alimentar a família. Então, quando recebe a ordem de prender Fela Kuti, ele vai. Mas tinha essa simpatia… Por isso, eles começaram a mandar policiais do sul da Nigéria pra pegar o Fela. Gente que não sabia ler nem escrever que, provavelmente, não tinha acesso ao rádio, talvez nunca tivesse ouvido falar no Fela. Esses caras chegavam com muita brutalidade, batendo em todo mundo, sem compaixão, sem respeito nenhum. Então, a atmosfera costumava ficar muito pesada, porque todo mundo ali sabia o que o Fela estava defendendo. Menos quem não entendia ou não queria entender: o Poder, o Governo, que disseminava a desinformação pela propaganda. Sempre tinha propaganda contra ele, dizendo que Fela era uma má pessoa, entendeu? Eles se concentravam no fato de que ele fumava maconha, andava de cueca, se casou com várias mulheres… Logo, ele deve ser irresponsável (risos).

E, quando ele foi preso, vocês decidiram promover o Femi Kuti à linha de frente da Egypt 80 imediatamente ou teve um tempo pra absorver a ausência do Fela?
Foi na hora, era a decisão natural a se tomar. A gente era um grupo com mais de cem pessoas na organização. Havia DJs, músicos, dançarinas, cantores, seguranças, havia promotores de show, técnicos de som, técnicos de palco, barmans… A Shrine era do Fela e aquele povo todo precisava sobreviver. Então, decidimos imediatamente continuar tocando o negócio. Femi assumiu a frente do grupo e eu e ele organizamos tudo pra Shrine continuar funcionando. Assim, não deixamos a peteca cair. E decidimos proibir a maconha na Shrine (risos)! Isso foi um escândalo gigante, foi parar na capa de todos os jornais: “Maconha está proibida na Shrine”. Mas sabia que isso acabou sendo a maior publicidade que a gente podia receber? Todo mundo resolveu vir conferir com os próprios olhos! E gente que não fuma começou a aparecer por lá também: “Agora que não tem mais maconha, eu vou à Shrine!” Isso foi demais! Quando você cria um assunto desse tamanho, vai parar nos jornais. Assim, o público cresceu, principalmente aos domingos. A gente até aumentou o show, passou a tocar até meia-noite. Antes era até as dez no máximo, passou pra meia-noite. Cresceu o número de jovens também…

E o que o Fela achou disso?
(pausa) Não acho que ele ficou muito feliz… Mas fomos lá explicar pra ele: “Olha só, você já está preso. A gente precisa manter a renda e o único jeito de fazer isso é não dar motivo pra polícia vir. Ou seja: sem maconha!” E ele: “O quê?!” Foi bizarro, foi totalmente bizarro. Teve gente que se revoltou: “É uma tradição, vocês não podem fazer isso! É que nem proibir o crente de entrar com a Bíblia na Igreja!” (risos) Esse era o grau de fanatismo de algumas pessoas! “Vocês não podem fazer isso! Vocês não podem fazer isso!” E a gente tinha que responder: “Não, esse é o nosso trabalho. Se você quer fumar, fuma em casa e vem depois. Mas, por favor, não vem fumar aqui porque se eles fecharem isso aqui, a gente não pode mais trabalhar. Se a gente não trabalhar, a banda vai se dispersar. A gente precisa manter a banda unida até o Fela ser solto. Então, por favor, compreendam”.

Essa história é genial!
Tem que falar com gente como eu para ouvir essas belas histórias! E o Brasil, cara? Eu sou louco pra ir pro Brasil, passar um mês lá, duas semanas pelo menos… Conhecer os caras, compartilhar o conhecimento original, nas esperança de conseguir influenciar, sabe? É isso que eu faço. Não sei se você viu meus vídeos no YouTube, dando aulas. Eu estive no Canadá para formar uma banda de afrobeat, estive na Dinamarca, fazendo o mesmo, em Copenhague. O Brasil é o próximo passo. Inclusive, meu novo single, “TMI”, eu acho que vai ganhar um remix brasileiro. Eu já lancei o single e estou trabalhando no resto do disco. Espero lançar outro single durante o verão (europeu, entre junho e julho). Se tudo correr bem, o disco sai em setembro.

E quem vai fazer o remix?
Ainda não sei. Estou esperando para ver quem ama de verdade o afrobeat… Eu não estou fazendo o remix para ganhar dinheiro, mas pelo amor à música. Tem um cara, que eu não sei se você conhece, ele se chama Gabriel Pereira. Não vi o trabalho dele, mas ele foi muito bem recomendado por um cara que trabalhou comigo no disco. Eu falei com ele e ele me pareceu no mesmo nível musical e artístico. Então, eu falei: “beleza, vamos fazer”.

Você sabia que está para abrir uma exposição no museu Afro Brasil com as capas dos discos do Fela?
Fantástico! Isso é legal demais, cara… Espero que alguém me leve pra lá, cara! Porque eu sei que seria fantástico! Você conhece a Abayomy?

Abayomy Afrobeat Orquestra?
Sim! Eles fizeram um single com Tony Allen. É bom demais…

Falando nessas participações todas, sua banda tem gente do mundo inteiro. Por que o afrobeat é tão universal?
O negócio é o seguinte: Londres é uma cidade cosmopolita. Quer dizer, tem gente do mundo inteiro. Então, quando eu me estabeleci em Londres, em 1995, eu tentei com todas as forças formar uma banda só com nigerianos. Mas, era impossível. Não tem muitos músicos nigerianos vivendo em Londres e eu decidi: “Quer saber? Vou encontrar músicos que amem o afrobeat, que amam tocar afrobeat”. Estou aqui há 15 anos e conheci toneladas de músicos. Entre esses caras que conheci, resolvi formar minha banda com gente de toda parte. Tem nigeriano, ganense, italiano, suíço, francês… Mas todos vivem em Londres. Esse virou meu critério (risos). Se eu for para o Brasil e passar um mês por lá, eu formo uma banda com músicos brasileiros. Ou, se eu ficar em uma cidade onde haja músicos de outros países, é com esses caras que eu vou tocar. Basta amar o afrobeat.

Voltando ao assunto Fela, você participou de algumas das músicas mais engajadas dele, como “Army Arrangement”, “I.T.T. – International Thief Thief”, “Teacher Don’t Teach Me Nonsense”… Você acompanhou seu processo de composição?
Bom… Não posso dizer exatamente de que forma era seu processo de composição. Mas eu tenho a prova de que ele era simplesmente um gênio! O processo de composição que eu presenciei era, em uma palavra, inspirador. Ele podia começar com uma única melodia, como em “Confusion Break Bone” (canta trecho da música). É uma coisa meio folk… Mas, cara, quando ele começou a compor essa faixa, meu Deus! Eu não podia acreditar no que estava ouvindo! O que ele fez foi o seguinte: ele tinha uma linha melódica. Ele orquestrou essa linha em um arranjo completo para três trompetes, dois saxes tenor, dois saxes barítono, um sax alto, com partes específicas pra todo mundo. Ele também arranjou uma linha de baixo, as guitarras, bateria e a minha parte! E foi isso, ele terminou o arranjo a partir daquela linhazinha! Quando ele estava escrevendo “Original Suffer Head” e “I.T.T.”, foi a mesma coisa! “Original Suffer Head” nasceu de uma linha de guitarra (canta a melodia). Ele virou pro guitarrista e falou: “toca!” Depois de três horas, ele tinha terminado de escrever o arranjo inteiro. Ele mandava os metais tocarem, em cima daquela linha de guitarra (canta a melodia dos metais). Depois, o baixo (canta), e deixava os caras tocando, deixava fluir. Aí, outra guitarra (canta) seguia permanentemente. Então, entram os outros metais (canta)… Ah, meu Deus! É um groove espiritual tão especial, que as pessoas tiravam a roupa na nossa frente quando a gente tocava essa música! As pessoas enlouqueciam! E a gente tocava o mesmo som por 25 minutos, entendeu? Tem um efeito hipnótico. Tocamos em festivais por toda a França, por exemplo, e o povo pirava! Eles nunca tinham ouvido esse tipo de música antes! Principalmente “I.T.T.” e “Original Suffer Head”. “I.T.T.” foi mais ou menos a mesma coisa (canta). Em cima disso, ele construiu inteira: “(cantando) I.T.T., international Thief Thief!” E tudo partiu daquela melodiazinha! Pra mim, testemunhar aquele grau de…

…Genialidade
Sim! Presenciar aquilo me preparou para virar um grande compositor e arranjador. Agradeço a Deus por isso! Se você olhar os arranjos das minhas composições, você vai ver que é fantástico. Não tão bom (quanto os do Fela), mas dá para sentir que é bom.

Música clássica africana.
Exatamente! Eu sempre digo que fui para a Universidade Fela Anikulapo Kuti, tirei meu primeiro diploma, meu mestrado e hoje sou PhD. O afrobeat está no meu DNA; é tudo o que eu faço, tudo o que eu sei.

Mas o Fela era um professor bastante rígido, não? Li que ele escrevia as partes de todos os músicos e ninguém podia sair da linha…
Ele escrevia as partes de todo mundo.

Até do Tony Allen?
Não! Quando Tony Allen estava lá, Fela não precisava escrever (risos). Ele e o Tony Allen estavam na mesma vibração de onda. Não tinha problema nenhum com Tony Allen.

Você tinha alguma liberdade dentro da Egypt 80?
Não era livre pra acrescentar nada! Só podia inventar alguma coisa quando fazia meu solo. Se ele dizia: “faz um solo”, você faz um solo. Na hora de tocar, você toca o que ele te dá, nada mais, nada menos. Caso contrário, você está em apuros. Sérios apuros!

Ele era um chefe rigoroso, né? Você acha que Fela teria sido um bom presidente, se tivesse sido eleito?
Bom, eu sei que ele tinha as melhores intenções e tinha talento pra governar. Acho que ele teria sido um bom presidente… Se não fosse sabotado. Porque um presidente pode ter ótimas intenções, mas depende de sua equipe. O que um presidente pode fazer é comandar seus homens para fazer as coisas e realizar suas visões. Se ele não tiver homens confiáveis, como vai fazer isso? Então, eu acho que ele tinha ótimas intenções, tinha o talento, a autoridade e a visão do que seria um bom governo para a Nigéria e a África. Mas, se ele teria sucesso é uma questão totalmente diferente. Todo mundo sabe: se você não dançar conforme a batida das potências ocidentais, você provavelmente não dura muito no poder. Então, não sei. Não consigo imaginar quão bem sucedido ele teria sido. Sei que ele tinha muito boas intenções. Se ele tivesse conquistado a presidência, muita gente teria torcido por ele. Mas… (pausa) Yeah.

(Por Gabriel Rocha Gaspar, de Paris)

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