Para o alto e avante

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Nessa altura do campeonato, todo mundo que lê a Radiola Urbana já deve ter baixado o disco e garantido seu ingresso para os shows desta semana na memorável Choperia do Sesc Pompeia (lotação esgotada, inclusive). Mas se o combo Bixiga 70 lança um novo trabalho, a gente não deixa passar em branco — mesmo que no ritmo do caramujo sonolento. Primeira consideração: vamos parar de dizer que se trata de uma banda brasileira de afrobeat, ok? Não é. Essa afirmação já era equivocada no primeiro disco, passou a fazer menos sentido ainda no segundo e agora se tornou quase insuportável. Aceitem: trata-se de um som novo, original, cheio de referências e influências (sim, Fela Kuti é uma delas), mas se for para destacar um país que mais reverbera no som não é a Nigéria — é o Brasil mesmo, ué. Não esqueçamos que nossa música tem raiz afro desde que samba é samba. A faixa mais simbólica em nossa primeira audição chama-se “Lembe”: exemplifica muito bem a expansão do som em bifurcações para o Oriente Médio e o entrosamento do time cada vez mais notável. Não dá para ignorar também “Di Dancer”, uma justa homenagem ao lendário Jimmy The Dancer — dançarino e figura urbana sempre presente nos palcos da banda e em festas que frequentamos (Fresh, Java, Safári entre outras). E nunca é demais destacar a sintonia entre as ilustrações de MZK e o som: neste terceiro disco, a capa é mais uma vez assinada por ele (o que já rola desde o primeiro) e parece uma tradução em imagens do mosaico auditivo. Somos suspeitos? Sim. Mas apostamos que, no futuro, o Bixiga 70 será lembrado como uma das melhores bandas brasileiras destes tempos. Ouça!

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